Em último evento do Cetur, Jeanine Pires defende redução de tributos para hotelaria
A diretora da Pires & Associados, Jeanine Pires, destacou que a política tributária do país deve ser revista para que o setor de hotelaria consiga gerar ainda mais empregos.
Pires participou do último seminário da série Turismo – Cenários em Debate, realizado na quarta-feira (06/12) pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) . O evento, ao longo do ano de 2017 apresentou temas atuais e da agenda do setor como impactos da economia colaborativa – na hotelaria, alimentação, transporte e agências de viagem –, turismo esportivo e a aviação comercial no Brasil.
Jeanine Pites analisou o comportamento do setor nos últimos anos e apontou as principais tendências para 2018. A ex-presidente da Embratur defendeu a importância de um turismo sustentável, que conviva com o mercado já existente, e formule propostas que agradem a diferentes stakeholders.
A executiva também falou sobre a necessidade de monitoramento e cooperação no mercado, uma forma de manter transparentes as relações entre diferentes agentes do setor e assim promover as mudanças necessárias.
“As empresas do turismo e de hotelaria querem pagar menos impostos e seus concorrentes também. Sendo assim, a política tributária do País deve ser revista. A hotelaria tem que trabalhar para pagar menos impostos, o que vai possibilitar que ela gere mais empregos”, disse.
Pesquisa mundial sobre novas plataformas de serviços turísticos
Em participação on-line, o diretor de Competitividade da Organização Mundial do Turismo (OMT), John Kester, apresentou o Relatório Mundial Novos Serviços de Turismo de Plataformas (ou a chamada Economia Compartilhada) – Compreender, repensar e se adaptar. O documento, realizado em âmbito global, consultou 250 destinos turísticos e teve 114 respondentes sobre os novos serviços de plataforma de turismo. De acordo com o executivo, o turismo conta com um mercado que atingiu mais de 1,2 bilhão de chegadas internacionais, com um crescimento de 4% em 2016, que foi o sétimo ano consecutivo de crescimento do setor. Ou seja, o turismo é uma atividade econômica que impacta substancialmente a sociedade e tem efeito multiplicador, por refletir em outros setores da economia. Mas esse mercado está mudando, principalmente pelos avanços tecnológicos. “O que precisamos fazer neste momento é entender o que está acontecendo. Em todo o mundo, os governos, os destinos e o setor privado precisarão avaliar o desenvolvimento desses serviços no turismo”, afirmou Kester.
Segundo John Kester, as novas plataformas de serviços turísticos (a chamada economia colaborativa ou compartilhada) podem ser encontradas em cinco principais áreas, abordadas na pesquisa: informação, acomodação, transporte, alimentação e atividades turísticas. No levantamento, 80% do público consultado afirmou que hoje o maior impacto dessa economia está no setor da informação, que se refere a plataformas como Yelp e TripAdvisor, por exemplo. A acomodação é a segunda área mais impactada, com 53%, e em seguida os transportes, com 44% de impacto.
A pesquisa revelou ainda que os serviços de alojamento ofertados pelas plataformas foram percebidos negativamente por 16% dos respondentes, que indicaram que geravam impactos “muito negativos” ou “mais negativos que positivos”. “Estes são os serviços considerados mais controversos, reflexo de um intenso debate sobre o impacto dessas novas plataformas especificamente no setor de alojamento”, destacou.
John Kester disse que a grande maioria dos entrevistados avaliou que as novas plataformas de serviços turísticos tendem a crescer em importância nos próximos cinco a dez anos, mas também que as oportunidades parecem superar os desafios e os efeitos negativos.
Como conclusão, ele apontou três direções necessárias: a realização de pesquisas para avaliar os impactos desses serviços; adaptar-se às novas plataformas de serviços de turismo, que são uma realidade, e para isso destacou a necessidade de diálogo entre todas as partes interessadas; e, por último, rever o quadro regulamentar de acordo com as diferentes realidades e necessidades locais.
Conclusões
O presidente do Cetur/CNC, Alexandre Sampaio, manifestou a busca pelo diálogo por parte do Conselho e das entidades que o compõem, como demonstram os seminários realizados em 2017, em que as plataformas de serviços turísticos foram convidadas a tomar parte dos debates e não aceitaram. “Não vemos disposição para o diálogo, inúmeras tentativas foram feitas. Sendo assim, estamos trabalhando para buscar condições de equilíbrio no mercado, e isso depende da gente”, defendeu Sampaio.
Sampaio lembrou ainda que o conteúdo dos debates realizados em 2017 vai fazer parte de um documento com sugestões e propostas para o turismo, o que demonstra a intenção de diálogo e de construção conjunta do setor. “Queremos transformar essas conclusões em propostas de políticas públicas para entregar ao Legislativo, Executivo e lideranças do trade turístico nacional. Até porque o turismo está cada vez mais organizado e precisa apresentar suas bandeiras aos candidatos, em 2018”, destacou o presidente do Cetur.
Ao finalizar o encontro, a mediadora do debate, Maureen Flores, reforçou a necessidade de atualização do setor turístico. “Nós realmente temos que nos adaptar, isso não vem sem sofrimento, mas é o caminho e requer uma visão disruptiva que abra espaço para a criatividade e a inovação. Acredito que é preciso fazer um estudo brasileiro com o olhar das desigualdades, pois os impactos não acontecem por igual no território brasileiro”, alertou.
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