Podemos tirar nota 10
Artigo de Jeanine Pires, diretora da Pires e Associados, consultora em turismo e ex-presidente da Embratur. Publicado em O Globo, 20/07/2014.
Olimpíada será chance de melhorar o turismo
Como foi apontado em diferentes estudos e matérias jornalísticas veiculadas durante e depois do Mundial da Fifa, o turismo é um dos setores mais beneficiados com a realização e o legado do megaevento. Se colocarmos o cenário na perspectiva de 2016, e no impacto que os Jogos Olímpicos geram para a imagem de um país, podemos dizer que o evento será a oportunidade de melhorar a qualidade do nosso turismo, e também de aumentar o volume de visitantes internacionais que chegam por aqui.
O salto no volume de visitantes estará ligado a melhorias no acesso aéreo. Além disso, as experiências de viagem terrestre entre nossos vizinhos e o Brasil podem estimular o crescimento do fluxo do continente.
O perfil do turista que viajou para a Copa é diferente daquele que já recebemos. Neste episódio tivemos a chance de abrir novos mercados e de receber mais comentários positivos sobre o Brasil, o que costuma influenciar as escolhas dos viajantes em potencial. De acordo com as pesquisas divulgadas após a Copa, a maioria, que estava visitando o país pela primeira vez, gostou da experiência e quer voltar.
O salto na qualidade deverá acontecer com o aprendizado da Copa, que vai impulsionar a competitividade e a melhoria de produtos e serviços públicos e privados. A diversificação da oferta turística abre espaço para novos perfis de visitantes, cujos interesses podem estar na praia, na floresta, nas atrações urbanas, nos roteiros de aventura, nos eventos ou em feiras comerciais. A qualidade virá com o aumento dos gastos, da permanência dos visitantes de lazer e de negócios, a geração de empregos e a oportunidade de novos negócios.
O chamado pulo do gato, neste caso com foco nos movimentos interno e externo, deve estar no reconhecimento do turismo como uma atividade que gera divisas e empregos, e que pode mudar o perfil das pequenas empresas em todos os lugares do Brasil. Além disso, é preciso investir na qualidade dos produtos e serviços dos destinos, ter maior cooperação entre os setores público e privado, e apoiar as atividades que impulsionam o setor.
É preciso criar uma estratégia competitiva para fortalecer a imagem do Brasil no mercado global, criando uma identidade para o país, atraindo novos investimentos e envolvendo o turismo, as empresas exportadoras, a cultura, o esporte e a diplomacia.
Também é importante preparar uma mensagem única para apresentar ao mundo até 2016. A proposta deve ser mostrar quem somos de verdade, divulgando nossa imagem do nosso jeito. Dessa forma, evitamos especulações capazes de prejudicar o país em diversos aspectos e afastar os turistas, que podem criar expectativas erradas em relação a segurança, receptividade, infraestrutura etc.
Se para a Fifa a Copa no Brasil mereceu nota 9,25 em organização, precisamos de muito esforço, colaboração, objetivos claros, inovação e criatividade para alcançar a nota máxima, 10. Já provamos que temos condições; agora é o momento de trabalhar para atingir a meta.
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