Sites de destinos – Parte 1: como atender aos estrangeiros?
O Brasil alcançou na chegada de turistas estrangeiros no ano passado um total de 6.588.770 visitantes, acima de 2016 e 2014, anos de Olimpíadas e Copa do Mundo, respectivamente.
Essa alta foi impulsionada pelos países vizinhos na América do Sul, com destaque para Argentina e Chile.
No entanto, esse número ainda é baixo, considerando que o território brasileiro possui dimensões continentais. O desafio para aumentar as chegadas internacionais envolve não apenas políticas em esfera pública e privada, mas também o conteúdo digital que é fornecido por meio dos sites de destinos, um dos canais de busca dos viajantes ao escolher a sua próxima viagem.
O que essas páginas oferecem, quais são os principais erros e o que pode ser feito para otimizá-las? O Portal PANROTAS publicará em duas partes um especial sobre como os sites de destinos aparecem neste cenário. Teremos como base as cidades mais visitadas por estrangeiros entre 2013 e 2017, a lazer e negócios, de acordo com informações enviadas pelo Ministério do Turismo, ouvindo as opiniões de especialistas do Turismo.
Confira o ranking dos destinos mais visitados por estrangeiros no Brasil:
IDIOMA E CONTEÚDO
Antes mesmo de pensar na produção de conteúdo, um dos pontos principais é disponibilizar esse material em outros idiomas, como inglês e espanhol, algo que mesmo sendo básico ainda é um problema recorrente entre os sites de destinos.
“Temos que pensar na questão do idioma, pois é um detalhe super relevante ao vender qualquer produto para o mercado. Observei que, entre os sites que mais recebem visitas, alguns têm opção de inglês, sendo raríssimos em espanhol, e outros estão sem opção nenhuma. Os destinos da região Sul recebem muitos turistas sul-americanos e ficar sem o idioma espanhol é uma grande falha neste caso”, avalia a gerente de Relações Públicas do Sea World Parks na América do Sul, Marjori Schroeder.
“Os sites do Rio de Janeiro, Florianópolis e Foz do Iguaçu têm uma boa navegabilidade, sendo possível acessar tranquilamente pelo mobile. Outros destinos menores contam com sites mais antigos, de visual ultrapassado. Recomendo a todos terem pelo menos três opções de idiomas, além de informações claras e objetivas. Uma agenda de eventos atualizada causa boa impressão e os sites devem ter sempre links para serviços e associações”, reforça a executiva da Imaginadora.
ANÁLISE DE PERFIL E REDES SOCIAIS
Outro detalhe que causa muita confusão entre os turistas estrangeiros ao visitar os portais é a mistura de conteúdo institucional com as informações úteis do destino, como endereços, horários de funcionamento e resumo de atividades, além do próprio endereço confuso na web.
“A maioria dos Estados e municípios comete erros que são cruciais, começando pela URL (endereço do site). Os governos colocam o ‘ponto gov’ e ‘ponto br’. As pessoas dificilmente vão chegar ao site e um segundo erro é a mistura de informações entre uma agenda com a pauta institucional e profissional. Além de não atender ao turista, também não fornece informações relevantes aos visitantes”, afirma a diretora da Pires & Associados e da Matcher, Jeanine Pires.
Ela destaca também como outros problemas a falta de vídeos, interatividade e técnicas de SEO, que melhoram o posicionamento das páginas em buscas na internet. “A maneira como um argentino que fala espanhol está lendo é diferente do turista da Espanha que fala o mesmo idioma porque são perfis e comportamentos de viagens diferentes. É preciso avaliar cada perfil de maneira bem profunda. Além disso, o mundo é da interatividade. Se abrirem um site que não tem rede social, como os turistas se sentirão parte daquilo e vão seguir o destino?”, sugere.
A questão sobre a venda de experiências e inclusão dos perfis das redes sociais nos sites é um ponto relevante também para o secretário nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do MTur, Bob Santos. “Os estrangeiros costumam preferir as redes sociais ao invés dos sites. Para se ter ideia, o perfil do Ministério do Turismo no Instagram é mais voltado para destinos do que a questões institucionais. Essas ferramentas ajudam na divulgação e as grandes empresas já se apropriaram delas”, pontua Santos.
“Em relação aos sites, vale também separar conteúdo em nichos e não vender apenas praias, mas experiências completas como as viagens de foco gastronômico, por exemplo”, encerra.
(Panrotas, 03/12/2018)
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