Chaves para Desenvolver Estratégias que evitem o Turismo Insustentável – o overtourism
O compromisso com a sustentabilidade nos destinos turísticos inclui a gestão adequada dos fluxos turísticos, especialmente com o retorno dos episódios de massificação e overtourism em alguns locais. Ao invés da palavra em inglês vou adotar o termo Turismo Insustentável que enfatiza o excesso de turistas como aspecto negativo da atividade.
Segundo as empresas especializadas em inteligência turística Mabrian e Phocuswright, é fundamental medir diversas dimensões-chave para estabelecer estratégias sustentáveis e duradouras baseadas em dados. Abordar o overtourism é crucial, especialmente considerando que, no último ano, 61% dos viajantes europeus evitaram destinos saturados. Para isso, é necessário um enfoque holístico, baseado em dados, que equilibre os recursos locais, o bem-estar da comunidade e o crescimento do turismo.
As empresas, que irão publicar um livro branco (White Paper) chamado “Uma folha de rota para afastar os destinos do sobreturismo” (tradução livre), destaca a necessidade de inovar na análise e planejamento utilizando indicadores-chave de desempenho e ferramentas de inteligência de dados. O relatório utiliza recursos da plataforma de inteligência de dados da Mabrian e estudos da Phocuswright para explorar como diversas dimensões da sustentabilidade podem se traduzir em indicadores úteis para a gestão dos destinos.
Encontrar o Equilíbrio: Da Medição ao Design de Políticas Sustentáveis
O livro branco propõe um sistema sete indicadores que interagem entre si, permitindo o design de objetivos combinados e personalizados para cada destino:
- Distribuição do Gasto Turístico: Além de medir o gasto por visitante, é vital entender como ele se distribui. Um destino menos afetado pelo overtourim tende a ter uma distribuição mais uniforme do gasto, beneficiando a economia local e o bem-estar da população.
- Pegada de Carbono – Emissões de CO2: Reduzir as emissões de CO2 é crucial para minimizar o impacto ambiental do turismo. Análises das emissões ao longo do tempo e a relação entre o gasto dos viajantes e as emissões podem ajudar os destinos a focarem em segmentos com melhor relação gasto-emissões. A Turespaña, por exemplo, conseguiu uma redução de 4,9% na pegada de carbono por visitante entre 2022 e 2023.
- Concentração da Oferta Turística: Entender a concentração de acomodações e atrações é crucial para aumentar o conforto dos viajantes e garantir o bem-estar dos habitantes locais. Tamarindo, na Costa Rica, utilizou dados para mapear a densidade de acomodações, reduzindo a concentração de oferta em 16% em cinco anos, melhorando os índices de satisfação hoteleira e do destino.
- Percepção da Sustentabilidade do Turismo: Medidas e políticas que antecipem o impacto nos habitantes e visitantes são essenciais. Estratégias de segmentação melhorada, como a campanha “Smart Streets” em Sevilha, podem melhorar significativamente a percepção de sustentabilidade. Sevilha experimentou um aumento de 6 pontos em seu Índice de Percepção de Sustentabilidade.
Fui pesquisar alguns exemplos na América do Sul:
Peru: O governo peruano investe na dispersão dos fluxos turísticos para além de Machu Picchu, promovendo outros destinos culturais e naturais menos visitados. Programas de incentivo ao turismo comunitário ajudam a distribuir melhor os benefícios do turismo, minimizando a pressão sobre os principais pontos turísticos.
Argentina: Buenos Aires tem promovido bairros menos conhecidos e investido em infraestrutura cultural fora do centro histórico, utilizando big data para monitorar e gerir o fluxo de turistas.
Essas estratégias são fundamentais para equilibrar o desenvolvimento turístico com a sustentabilidade, garantindo que os destinos permaneçam atraentes e viáveis tanto para os residentes quanto para os visitantes no longo prazo.
Nenhum comentário